ARAUJO, J. C. S.; FREITAS, A. G. B.; LOPEZ, A. P. C. (ORGS). AS ESCOLAS NORMAIS NO BRASIL: DO IMPÉRIO À REPÚBLICA. CAMPINAS. SP: ALÍNEA. 2008.

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Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC

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O livro As escolas normais no Brasil. Do Império à República, composta por 22 artigos elaborados por 31 pesquisadores, nos convida a percorrer o Brasil, para conhecer o movimento histórico-educacional de criação e consolidação das Escolas Normais ao longo do século XIX e inicio do século XX. Esse movimento é amparado e entrelaçado nas distintas regiões estudadas, por um desejo de modernização e de urbanização. A coletânea cobre a trajetória da Escola Normal em dezoito estados brasileiros em uma abordagem que é cronológica: dois estudos referem-se ao primeiro reinado (Niterói e Bahia); quatorze fazem menção ao segundo reinado (Mato Grosso, São Paulo (2), Piauí, Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Paraíba, Rio de Janeiro (2), Goiás e Ceará). E seis capítulos abarcam o período republicano (Maranhão, Bahia, Minas Gerais, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Brasília). O estudo também aborda uma dimensão regional, pois contemplam cinco estados da Região Nordeste, três estados na Região Sudeste, quatro estados na Região Centro Oeste e finalmente na Região Sul os três estados são investigados. A região Norte do país não foi tratada nesta obra. Os autores optam entre tratar esses objetos de estudo, em sua gênese e/ou em sua trajetória. A busca da modernização e urbanidade é também expressa materialmente pela arquitetura escolar, testemunha do valor da educação como promotora desse processo e da necessidade da qualificação do corpo docente, por meio de sua formação, e do ensino, exigências clamorosas nesses contextos. A abrangência do trabalho proporcionado pelos autores nos oferece um panorama da institucionalização da educação brasileira de modo amplo, e das Escolas Normais, de modo específico, ao utilizarem uma diversidade de fontes de pesquisa, que entre documentos oficiais, legislação, livros utilizados, discursos jornalísticos, arquitetura dos edifícios, entrevistas com professores oriundos dessas escolas e imagens, enriquecem o estudo e disponibilizam vestígios que nos auxiliam a compor o mosaico que constituía a Escola Normal, que era atravessada por interesses e disputas de toda ordem. Ao longo do estudo é possível perceber a intermitência do processo de criação das Escolas Normais marcada por seu “nascimento, apogeu, ocaso e (re)nascimento”, como representação das luzes e da vida no aspecto referente à necessidade de um lugar específico para a formação de professores (BRZEZINSKI, 2008). Durante o período imperial as condições do ensino público eram precárias. Rocha afirma que: o número de escolas era reduzido, as instalações inadequadas. Sem mobiliário condizente e com parco material didático, funcionavam com número reduzido de professores, que trabalhavam em condições extremamente desvantajosas e recebiam baixos salários (2008, p. 47). O quadro descrito pelo autor revela o retrato da educação no período do Império, na maioria das províncias do país, situação permeada por avanços e recuos que se estendem aos estados até a primeira metade do século XX, ainda que as disputas e as preocupações com a constituição da educação pública, e com a formação de mestres, estivessem centrada no conhecimento universal e na formação da intelectualidade, como projeto modernizante da educação e dos estados de modo geral. A convergência dos trabalhos indica a necessidade de criar novos hábitos de consumo; de estabelecer novos padrões de mobilidade social e divulgar os valores específicos da sociedade urbano-industrial, preconizado pelo desejo de modernização. Esse projeto de modernização dos estados pela modernização da educação, é foco posteriormente da ação e irradiação do movimento dos reformadores da educação brasileira do inicio do século XX, que na busca da formação de uma cultura pedagógica nacional, na relação teórica e prática, na formação do professor e profissionalização da educação também se dá pela inserção das chamadas “Ciências Fontes da Educação”, o que caracteriza a construção do campo educacional em bases científicas, da educação como formadora da nacionalidade e da organização nacional pela organização da cultura. “A consolidação dos Estados modernos e a criação de um corpo de funcionários públicos encarregados de desenvolver a tarefa de transmissão de conhecimento” (VILELLA, 2008, p. 28), torna-se o ponto de partida para a profissionalização do corpo docente, função até então prioritariamente exercida pela igreja e por mestres pouco preparados. Inicialmente nas províncias e estados observa-se uma tendência à priorização do acesso dos homens aos cursos de formação de professores que paulatinamente cedeu espaço à inserção das mulheres no magistério, constituindo um campo profissional fortemente marcado pela feminização. Ao longo dos textos os autores destacam que desde o início, o magistério apresentava-se como uma profissão pouco rentável. No século XX, a crescente responsabilização do Estado na tarefa de conduzir a educação, intensifica o processo de controle sobre o grupo de professores por meio do estabelecimento de critérios de formação, avaliação, concursos, que lançam as bases para constituição de uma carreira profissional. no, no entanto o embrião das primeiras mudanças já se manifestava na segunda metade do século XIX. Na obra As escolas normais no Brasil: do império à república, a Escola Normal é abordada como lugar da formação de professores em uma perspectiva da modernidade, como “um ato de consciência sobre as possibilidades de inovar em matéria de educação” (DAROS/DANIEL, 2008, p. 358).

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