Bibliotecas Digitais II
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Item As assinaturas de Machado de Assis: estudo sobre as figurações da autoria(2021-02-09) FERNANDO BORSATO DOS SANTOS; Hélio de Seixas Guimarães; Hélio de Seixas Guimarães; João Adolfo Hansen; Lúcia Granja; Wilton José MarquesEsta dissertação propõe o estudo sistemático das assinaturas empregadas por Machado de Assis, ou a ele atribuídas, ao longo de sua obra, considerando-se “obra” a totalidade dos textos incluídos e reconhecidos sob esse nome. Na pesquisa, foram identificadas 87 assinaturas, que englobam variações do nome civil do escritor, iniciais, pseudônimos e criptônimos, utilizados nos diversos gêneros que praticou. Verifica-se, aqui, que ao compor seus livros em torno da assinatura “Machado de Assis”, estampada na capa de todos os volumes que publicou em vida, o escritor trabalha incessantemente na unificação, afirmação, e institucionalização de seu nome de autor e de sua imagem autoral. Por outro lado, também trabalha incessantemente na desestabilização e refração desse nome e dessa imagem por meio da variedade de formas com as quais assinou seus textos em periódicos e manuscritos, bem como pela proliferação de instâncias narrativas e autorais que produziu em seus textos ficcionais. Observa-se também que as fronteiras entre “dentro” e “fora”, “vida” e “obra”, “autor” e “narrador” são borradas pela concorrência de assinaturas e pelo uso de outros paratextos, ferramentas que possibilitam o paradoxo da junção dessa dupla condição de dispersão e unidade. Esse talvez seja um dos principais temas machadianos, que vêm à tona na problematização da dispersão e unidade das coletâneas de contos, como se dá nas advertências de Papéis avulsos e Várias histórias, ou na afirmação de um “pensamento interior e único” a organizar um romance tão fragmentário como Esaú e Jacó, ou ainda na multiplicação de instâncias narrativas e autorais identificadas a personagens como Brás Cubas, Bento Santiago e Aires. O duplo sucesso da realização desses movimentos contrários se verifica, por um lado, nas diversas interpretações e apropriações de sua obra, de seus paratextos, autores e narradores; e, por outro, no poder simbólico e institucional de seu nome de autor, capaz de engajar gerações de leitores e críticos interessados nas obras associadas ao nome “Machado de Assis” e na associação de suas próprias assinaturas à do escritor.